Valorização do professor é a chave para avançar

Patricia Mota Guedes defende o desenvolvimento dos docentes. Profissão mais numerosa do país carece de plano de carreira, melhoria salarial e formação qualificada

O professor é o fator principal relacionado ao desempenho dos estudantes. Qualquer tentativa de melhorar o sistema educacional que não inclua a valorização docente terá resultados muito limitados. É o que defende a gerente de Pesquisa e Desenvolvimento do Itaú Social, Patricia Mota Guedes. A pesquisadora acredita que a valorização do profissional da educação pública passa por um conjunto de estratégias como plano de carreira, salários atrativos e formação de qualidade ao longo da carreira. O Brasil tem cerca de 2,2 milhões de professores: é a profissão mais numerosa do país.

– A profissão do professor ainda é muito desvalorizada no Brasil. E isso é um grande empecilho para que se consigam melhorias significativas no resultado da educação pública, sobretudo na educação básica – defende Patricia, que coordenou programas de educação e saúde para crianças e adolescentes nos Estados Unidos, no início da década de 90.

De acordo com a pesquisa “Profissão Docente”, realizada com 2.160 professores da Educação Básica em todo o Brasil, 71% dos educadores estão insatisfeitos com a formação inicial, especialmente na prática da profissão. O levantamento é uma iniciativa do Itaú Social e do movimento Todos Pela Educação e foi realizado pelo Ibope Inteligência. Questionados sobre o currículo da graduação, os professores indicaram que falta investimento em fundamentos e métodos de alfabetização (29%) e em gestão de sala de aula (22%). Ainda segundo a pesquisa nacional, 67% dos profissionais dizem que querem ser ouvidos para a formulação de políticas educacionais. Aumento salarial (62%), mais formação continuada (69%) e restauração da autoridade e do respeito frente à comunidade escolar (64%) compõem as outras necessidades docentes.

– Os profissionais querem ser mais ouvidos nas políticas educacionais e sentem que as secretarias estão muito distantes da realidade da escola. Não é interessante oferecer um treinamento como se o profissional fosse vazio de conhecimento e sem potencial, mas sim, reconhecer os pontos fortes e trabalhar nos pontos a serem desenvolvidos. O professor deve sentir que a secretaria é parceira e juntos estão trabalhando para alavancar os resultados de aprendizagem e a permanência dos estudantes na escola – defende.

Boa parte da formação continuada oferecida pelas secretarias de educação também não atende às necessidades do dia a dia na sala de aula. Segundo Patricia, há muitas pesquisas mostrando a baixa eficácia de formações pontuais, como palestras e oficinas, e de conteúdos que não ajudam o professor na sua prática de ensino. Ela destaca que para a eficácia do processo, a formação continuada precisa ser combinada com outros elementos, como a melhoria salarial. O piso salarial nacional do professor é de R$ 2.455,35 para uma jornada de 40 horas semanais.

– A lei do piso representa um avanço, pois estipula que um terço da carga horária remunerada do professor seja para planejamento, o que envolveria planejamento individual, estudo e reunião com os pares na escola e a equipe gestora (diretor e coordenador pedagógico). Mas, na prática, o profissional precisa complementar sua renda e dar aula em escolas particulares – salienta Patricia, reforçando que, segundo a pesquisa, apenas 30% dos professores conseguem passar um terço do tempo em atividades extra-classe, já que 37% deles dão aula em mais de uma escola e 29% ainda fazem trabalhos extras.



Patricia Mota Guedes defende o desenvolvimento dos docentes. Profissão mais numerosa do país carece de plano de carreira, melhoria salarial e formação qualificada

O professor é o fator principal relacionado ao desempenho dos estudantes. Qualquer tentativa de melhorar o sistema educacional que não inclua a valorização docente terá resultados muito limitados. É o que defende a gerente de Pesquisa e Desenvolvimento do Itaú Social, Patricia Mota Guedes. A pesquisadora acredita que a valorização do profissional da educação pública passa por um conjunto de estratégias como plano de carreira, salários atrativos e formação de qualidade ao longo da carreira. O Brasil tem cerca de 2,2 milhões de professores: é a profissão mais numerosa do país.

– A profissão do professor ainda é muito desvalorizada no Brasil. E isso é um grande empecilho para que se consigam melhorias significativas no resultado da educação pública, sobretudo na educação básica – defende Patricia, que coordenou programas de educação e saúde para crianças e adolescentes nos Estados Unidos, no início da década de 90.

De acordo com a pesquisa “Profissão Docente”, realizada com 2.160 professores da Educação Básica em todo o Brasil, 71% dos educadores estão insatisfeitos com a formação inicial, especialmente na prática da profissão. O levantamento é uma iniciativa do Itaú Social e do movimento Todos Pela Educação e foi realizado pelo Ibope Inteligência. Questionados sobre o currículo da graduação, os professores indicaram que falta investimento em fundamentos e métodos de alfabetização (29%) e em gestão de sala de aula (22%). Ainda segundo a pesquisa nacional, 67% dos profissionais dizem que querem ser ouvidos para a formulação de políticas educacionais. Aumento salarial (62%), mais formação continuada (69%) e restauração da autoridade e do respeito frente à comunidade escolar (64%) compõem as outras necessidades docentes.

– Os profissionais querem ser mais ouvidos nas políticas educacionais e sentem que as secretarias estão muito distantes da realidade da escola. Não é interessante oferecer um treinamento como se o profissional fosse vazio de conhecimento e sem potencial, mas sim, reconhecer os pontos fortes e trabalhar nos pontos a serem desenvolvidos. O professor deve sentir que a secretaria é parceira e juntos estão trabalhando para alavancar os resultados de aprendizagem e a permanência dos estudantes na escola – defende.

Boa parte da formação continuada oferecida pelas secretarias de educação também não atende às necessidades do dia a dia na sala de aula. Segundo Patricia, há muitas pesquisas mostrando a baixa eficácia de formações pontuais, como palestras e oficinas, e de conteúdos que não ajudam o professor na sua prática de ensino. Ela destaca que para a eficácia do processo, a formação continuada precisa ser combinada com outros elementos, como a melhoria salarial. O piso salarial nacional do professor é de R$ 2.455,35 para uma jornada de 40 horas semanais.

– A lei do piso representa um avanço, pois estipula que um terço da carga horária remunerada do professor seja para planejamento, o que envolveria planejamento individual, estudo e reunião com os pares na escola e a equipe gestora (diretor e coordenador pedagógico). Mas, na prática, o profissional precisa complementar sua renda e dar aula em escolas particulares – salienta Patricia, reforçando que, segundo a pesquisa, apenas 30% dos professores conseguem passar um terço do tempo em atividades extra-classe, já que 37% deles dão aula em mais de uma escola e 29% ainda fazem trabalhos extras.




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